domingo, 6 de dezembro de 2015

Iporanga

De qualquer janela se faz tela
Aquarela

sexta-feira, 9 de março de 2012

Entre negações!

E por não encaixar-me em mim, que permaneço assim... imóvel

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ultimamente mergulhada em minha mais profunda superficialidade...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Certas Incertezas

Às vezes, um “às vezes” recheado de quase sempre
Quero tanto mais do que tenho,
tenho tão pouco do que quero,
nada em mim é parecido comigo...

Às Janelas

A janela é metáfora rica em possibilidades.
Ambiguamente trata-se de uma liberdade aprisionada no vir a ser.
É por ela que nos damos conta do que lá fora vive, e passa.
Trancados do lado de cá que se é possível ter a paisagem de lá.
Liberdades não são possíveis do lado de dentro da janela.
Mas como ambos não conhecem ambos os lados, limitam-se em si...
E assim sendo... não há como saber, qual lado é melhor, pois deles só temos uma pequena amostra, vão de imagem.
Janela tem visão limitada, conhece-se apenas parte do todo.
Janela, metáfora bonita e doida.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não mais que de repente

E por aí vamos... esperando o inesperado que faça valer a pena nossa alma não ser pequena.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Coisas de leituras...

A elegância do ouriço de Muriel Barbery
Um daqueles livros que o final é dolorido por ser o final.
Por mim ele teria umas 800 páginas, Renée seria uma amiga para longas conversas dominicais e Paloma uma aluna (e o que eu não tenho?: modéstia – risos - ), mais um item para minha lista de sonhos irrealizáveis.

Transcrevo alguns poucos trechos que me arrepiam a alma.

[...] Gramática
Um estrato de consciência
Levando à beleza [...]

[...] Dizer a adolescentes que já sabem falar e escrever que a gramática serve para isso é como dizer a alguém que é preciso ler uma história dos banheiros através dos tempos para fazer xixi e cocô. É sem sentido! Se ainda ela tivesse nos mostrado, com exemplos, que precisamos conhecer um certo número de coisas sobre a língua para bem utilizá-la, então, por que não? Seria um inicio de conversa. Por exemplo, que saber conjugar um verbo em todos os tempos evita cometer grandes erros que envergonham quem quer que seja diante de qualquer pessoa num jantar de sociedade (“eu teria chego na sua casa mais cedo, mas trusse o endereço errado” ). Ou que, para escrever um convite correto para um bailinho no castelo de Versalhes, conhecer a regra de concordância do adjetivo qualificativo é muito útil: poupa-nos dos “Queridos amigos, quer vir para Versalhes hoje à noite? Eu ia ficar muito comovido. Assinado : Marquesa de Grand-Fernet”. Mas, se a sra. Maigre acha que a gramática só serve para isso... Dissemos e conjugamos um verbo sem saber que se tratava de um. E, se o saber pode ajudar, não acho que seja decisivo.
Mas acho que a gramática é uma via de acesso à beleza. Quando a gente fala, lê ou escreve, sente se fez ou leu uma frase bonita. Somos capazes de reconhecer uma bela construção ou um belo estilo. Mas, quando sabemos gramática, temos acesso a uma outra dimensão da beleza da língua. Saber gramática é descascá-la, saber como ela é feita, vê-la toda nua, de certa forma. E aí é que é maravilhoso. Porque pensamos: “Como é solido, engenhoso, rico, sutil”. Eu só de saber que há varias naturezas de palavras e que devemos conhecê-las para concluir sobre seu uso e suas possíveis compatibilidades, isso já me transporta. Acho que não há nada mais bonito, por exemplo, do que a idéia de base da língua, de que há substantivos e verbos. Quando vemos isso, já chegamos ao próprio cerne de qualquer enunciado. É magnífico, não é? Substantivos, verbos...
Talvez, para ter acesso a toda essa beleza da língua que a gramática revela, também seja preciso entrar num estado de consciência especial?[...]

[...] A sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes [...]

[...] Nunca vemos além de nossas certezas e, mais grave ainda, renunciamos ao encontro, apenas encontramos a nos mesmos sem nos reconhecer nesses espelhos permanentes. Se nos déssemos conta, se tomássemos consciência do fato de que sempre olhamos apenas para nos mesmos no outro, que estamos sozinhos no deserto, enlouqueceríamos[...]

[...] A verdadeira novidade é aquilo que não envelhece, apesar do tempo [...]

São tantos os trecho marcados, que se fosse transcrevê-los todos... risos
O que mais me encanta nas protagonistas do romance, Renée (sra. Michel) e Paloma, é que ambas são “portadoras” de uma inteligência anormal, acima da média, e têm consciência disso, mas, também por terem consciência da insignificância alheia, decidem por se camuflarem ou vestirem-se de ouriços, Renée na profissão de concierge e Paloma na de uma criança calada, estranha... Uma trama cativante lida em três dias, mas que a uns quatro meses não sai da minha mesinha de cabeceira (tenho dificuldades em me desfazer do que me encanta). Ah! e tem como cenério Paris.
E é isso...